A AMAZÔNIA OCIDENTAL ANTES DA COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
As cerâmicas da Bacia Amazônica que atualmente são enquadradas como sendo pertencentes à Tradição Polícroma da Amazônia (TPA) já eram do conhecimento de vários pesquisadores desde meados do Século XIX. Naturalistas como Charles Hartt e Domingos Ferreira Penna já haviam estudado essas cerâmicas no final do século XIX. Curt Nimuendaju e Heloísa Alberto Torres também fizeram pesquisas no início do século XX (Neves; 2006). Sua sistematização teve início com os estudos de Howard em 1947 que as inseriu como sendo de um contexto mais amplo (Almeida; 2013: 46). A Tradição Polícroma da Amazônia (TPA) foi assim definida por Almeida (2013: 43):Essa Tradição é caracterizada por vasos com pasta clara, temperados com caraipé (caco moído na fase Marajoara), com ângulos nas paredes (carenas, ombros e bordas cambadas), com presença de flanges labiais e mesiais (apenas em algumas regiões da Amazônia) e decorações acanaladas e/ou polícrômicas (incluindo banhos de engobo) que cobrem as flanges ou as bordas e paredes dos vasos. Os sítios dessa Tradição muitas vezes possuem enterramentos secundários em urnas.
Muitas vasilhas da Tradição Polícroma apresentam características antropomorfas (aparentemente femininas) e zoomorfas ou com apliques zoomorfos, e claramente muitas delas foram utilizadas como urnas funerárias, onde os ossos dos mortos eram depositados após terem sido pintados de vermelho depois do descarnamento (Prous; 2006). Segundo Prous (1991: 439) as primeiras sociedades amazônicas a criarem cemitérios com sepultamentos em urnas funerárias cerâmicas foram produtoras de cerâmica da tradição Polícroma da Amazônia. Mas na dissertação de Py-Daniel (2009: 05) se afirma que os sepultamentos em urnas cerâmicos já aconteciam durante a fase Manacapuru. [2]
Hoje são conhecidos mais de 364 sítios arqueológicos com material relacionado à Tradição Polícroma da Amazônia, distribuídos por mais de 6.600 km, considerando apenas as distâncias entre os sítios nos grandes cursos. Sítios com material polícromo são evidenciados nas calhas do Napo, Ucayali, Alto Amazonas, Solimões, Negro, Caquetá, Baixo Amazonas e seus afluentes. [3]
"Grande Chefe Barriga D'agua"
Escultura antropomórfica encontrada pelo médico Ary Tupinambá
no vale do Guaporé (paradeiro desconhecido)
Fragmento cerâmico encontrado a dez metros de profundidade à margem direita do rio Madeira - Departamento de Arqueologia da UNIR/RO (Doação: Joeser Alvarez)
Fragmentos cerâmicos encontrados em 14 sítios arquelógicos localizados entre a cachoeira de Sto. Antônio até a foz do rio Jaci-Paraná, próximo à cachoeira do Caldeirão [1]
Peças pertencentes ao acervo do Museu da Memória de Rondônia - MERO
Vasilhas cerâmicas encontradas próximo à atual UHE Jirau.
Acervo do Centro Cultural de Nova Mutum Paraná
Petróglifos encontrados ao longo do Alto Madeira.
Na atualidade encontram-se submersos pelas águas dos lagos das UHES Jirau e Sto. Antônio na atualidade
Acervo Joaquim Cunha (In memoriam)
Acervo César Colaneri (In memoriam)
Rio Guaporé - próximo ao Forte Príncipe da Beira
[1] ZUSE, Silvana. Ocupações pré-coloniais e variabilidade cerâmica nos sítios arqueológicos do Alto rio Madeira, Rondônia. Memorial de Qualificação apresentado ao Programa de Pós-graduação do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011.
[2] VASSOULER, Odair Petri. Análise da Iconografia em Vasilhas Cerâmicas da Subtradição Jatuarana no Alto Rio Madeira em Rondônia. Monografia apresentada no Curso de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia para a obtenção do título de Bacharel em Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho, 2014.
[3] BARRETO,C.; LIMA, H. P. e C.J.BETANCOURT, organizadoras. Cerâmicas Arqueológicas da Amazônia: Rumo a uma nova síntese. Belém : IPHAN : Ministério da Cultura, 2016.