A ARTE CÊNICA EM RONDÔNIA
Valdete Sousa[1]
O teatro tem uma história específica, capítulo essencial da história da produção cultural da humanidade. Nesta trajetória o que mais tem sido modificado é o próprio significado da atividade teatral: sua função social.
(Fernando Peixoto)
1. INTRODUÇÃO
O objeto de pesquisa discutido no presente artigo é o desenvolvimento das artes cênicas no estado de Rondônia, tema abordado na Monografia de conclusão de curso de Graduação de Letras sob o título O Desenvolvimento do Teatro em Rondônia. Portanto, esta pesquisa delineia a trajetória que a história do teatro em Rondônia trilhou, desde suas primeiras manifestações até a atualidade, sob o ponto de vista histórico, artístico e social.
O tema escolhido justifica-se, pois, não existe no estado, até o presente momento, pesquisas nesta área e não há registros que digam como, quando, ou mesmo se ocorrem essas manifestações. O objetivo geral desta pesquisa fixa-se na arte cênica em Rondônia tomando por base os acontecimentos nos municípios de Porto Velho, Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena, observando qual a contribuição que o teatro proporciona a essas comunidades. Bem como, a trajetória que percorreu ao longo da história. Os objetivos específicos referem-se à pesquisa e a catalogação dos principais grupos, atores e técnicos em artes cênicas que estão em exercício no momento ou que tiveram relevância na história do teatro local. Como também, fez-se um levantamento de registros que comprovam a origem da arte no Estado.
Tendo em vista cumprir o propósito mencionado, foi feito um estudo de desenvolvimento, utilizando de instrumentos para coletas de informações como entrevistas e formulários. Além de pesquisas nos bancos de dados existentes no Estado, como o Centro de Documentação de Rondônia, Bibliotecas municipais e orgão ligados ao teatro: SATED – Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões e FETER- Federação de Teatro de Rondônia. Mas, grande parte da pesquisa foi conseguida através da história oral documentada nas entrevistas e de documentos de arquivos pessoais.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O Porto de partida
As manifestações culturais no município de Porto Velho, no início do séc. XX, conforme Arimar Souza de Sá (2000, p. 60) afirma, possuía alguns locais demarcados: “O Danúbio Azul, o Bancrévea, o Clube da Elite, onde aportava sem pudor a fina flor da rapiocagem. A casa Saudade e O mundo Elegante, os pontos chiques da moda”.O autor aponta, ainda, os encontros culturais do antigo Porto Velho Hotel, atual Unir Centro, local onde os principais artistas do município encontravam-se. Um dos nomes mais marcantes deste período é o de Dona Labibe Barthólo, nascida em 13 de maio 1909, atriz atuante e muito influente que chega a Porto Velho em 1912. Trabalhou como atriz e cantora, primeiro nos grupos do Madeira-Mamoré, na déc. de 30, que faziam apresentações nas casas de militares, a arte caminhava de casa em casa. Posteriormente, no Cine Phoenix ou em bailes que aconteciam no Antigo Clube Internacional.
Sabe-se que entre as décadas de 40 e 60, grandes Companhias de Teatro como a de Tônia Carrero passaram pela Capital. Um grande momento para arte deste período ocorre em 1950 com a inauguração do Cine Teatro Resky.
Porto Velho se rendeu fascinada a majestosa beleza do Cine Teatro (...) A partir daquele momento ele passou a ser o orgulho da população do então Território Federal do Guaporé.(...) Era o grande destaque onde o luxo e o requinte naquela nova sala de espetáculos empolgava. (ELETRONORTE, 2005, p. 76)
Neste período, Rondônia possui uma produção ainda insipiente e voltado para a encenação de maneira improvisada. Alguns espetáculos eram projetados para entreter o público nos intervalos de trocas das fitas dos filmes no cinema no início do séc. XX. De certa maneira, esta produção contribuiu para o desenvolvimento do jovem estado de Rondônia, a arte sempre presente em festas, cinemas, serenatas e saraus.
Vê-se que a história do teatro se confunde com a do cinema em Porto Velho, conforme se sabe:
As primeiras salas de espetáculos de Porto velho eram de cinemas e algumas ofereciam condições para representações teatrais, como o Cinema Caripuna, Cine Teatro Phoenix, Cine Rosas, Cinema Ideal, Cine Avenida, Cinema dos Padres, Cine Rocha, Cine Catega, Cine Brasil, Cine Teatro Resky, Cine Lacerda e outras salas que não foram registradas por nossos historiadores. (ELETRONORTE, 2005, p. 33)
Na capital, por volta de 1960, desenvolve-se o teatro radiofônico, feito através da Rádio Caiari que possuía um espaço destinado a produção teatral. Conforme afirma Arimar Souza de Sá, havia “na hora do almoço o Ronaldo Medeiros e seu teatrinho infantil, pela Rádio Caiari, a incitar o ânimo cultural da garotada” e segundo Alejandro Bedotti ”havia algumas cadeiras destinada ao público e se fazia teatro na rádio.”(Bedotti:2008)
2.2 Anos 80: O Auge do Movimento Teatral
Existe um consenso entre os artistas locais de que a década de 80 foi extremamente produtiva. Esse fato é atribuído à diversas razões: I - em 24 de maio de 1978, há a regulamentação da profissão de artista e técnico em espetáculos e diversões, através da lei nº 6.533, e pode ter surtido um efeito energizante para os artistas que passam a organizar-se em grupos; II - o intenso fluxo de pessoas que migravam de outros estado; e III - a criação da FETER - Federação de Teatro de Rondônia, em 1982, ajudou a organizar o movimento. Assim, no final da década de 70 e em toda a década de 80, pode-se encontrar grupos teatrais nas cidades situadas ao longo da BR 364.
Em 1976, há registros que comprovam a atividade teatral em Porto Velho. O grupo Terra ao qual pertencia o artista plástico Geraldo Cruz e o prof. Oswaldo Gomes Oliveira atuava, conforme afirma Geraldo, com um forte cunho político, em decorrência dos resquícios do ainda recente golpe de 1964. O grupo produziu um texto poético, também intitulado Terra, levando aos palcos a temática do meio ambiente. Alguns artistas mudavam-se para a região Norte fugindo da perseguição do eixo Rio-São Paulo, dessa maneira Rondônia ganhou alguns atores, diretores e autores nesse período. Assim, contribui para uma nova formação no teatro local, a chegada de dois artistas do Rio de janeiro contratados pelo SESC para ministrar aulas de teatro, em Porto Velho, Alejandro Bedotti e Angela Cavalcante.
Esses profissionais, montam um grupo no Sesc, e trazem do Rio de Janeiro o espetáculo de bonecos Panelândia. Em seguida, fundam o grupo Cipó e montam um texto com temática regional Rio que é rio é... gente de Bedotti, que apresenta algumas lendas do folclore amazônico. Em entrevista Angela (2008) conta que:
Quando chegamos aqui, viemos pelo Sesc, a gente encontrou boatos, mas na verdade, não vimos nada. Sabia-se que já tinha o grupo Terra, O filho do homem(...) Então, criamos um grupo de teatro no sesc, anos depois, começamos a apresentar a Panelandia, que era um espetáculo do Rio de Janeiro que estava em cartaz nos parques e jardins lá, tinha bonecos tipo formas animadas. Juntamos as pessoas: era o Jango, Amauri, o Jota e nós, depois foi chegando mais gente. Então nós criamos o grupo Cipó para montar um espetáculo para a secretaria de educação. Era sobre temas amazônicos e se chamava Rio que é rio é...gente. Aí começou o trabalho com o grupo Cipó. (...) tivemos que ir embora do Território. No dia que estava virando Estado nós voltamos, então viemos pra cá (...) e nós fomos ficando, então nós montamos o Quebracabeça.
O grupo se desfaz e o casal funda, em 06 de setembro de 1982, o grupo de teatro amador Quebracabeça, que segunda consta, foi o primeiro grupo com personalidade jurídica do Estado. Durante o período em que ficou ativo montou diversos trabalhos, tais como Sapo Tarô-Bequê, Tempo bom com poesia pasquim, Banda Picolé, Rádio nossa de cada ouvinte, que eram apresentados em praças e auditórios.
O grupo Êxodo surge a partir de um grupo de jovens que reunia-se na igreja Nossa Senhora das Graças, em Porto Velho, e passa a funcionar como entidade jurídica em 25 de julho de 1984, com o nome de Clube Teatro Êxodo. Tem como sócios-fundadores José Monteiro, o jornalista Zogbi e Omedino Pandoja. O primeiro texto produzido foi O filho do homem, atualmente, O homem de Nazaré. O grupo possui cerca de 20 atores permanentes e durante a temporada de apresentações admite pessoas da comunidade que compõem o elenco. Ao final, são cerca de 300 pessoas em cena.
Na Porto Velho da década de 80, todos os dias surgia um novo grupo, pois o movimento teatral mostrava-se vivo e promissor. Cite-se os grupos que mais obtiveram destaque no período: O Grupo Porantin, ao qual pertencia o ator Jango Rodrigues que trabalhou com teatro de bonecos junto com Cláudio Vrena. Jango mantinha, com recursos próprios, um local denominado Espaço Curumim, destinado a receber artistas de outras localidade e a ser ponto de encontros culturais. O grupo É do mela volta ou do Mela continua? também esteve presente em muitos momentos, no teatro rondoniense, com a atriz Lenny Carneirinha de Lisboa.
O Água de Chocalho do ator Xuluca Dantas, foi um espaço pelo qual passaram muitos outros atores que atuam no teatro local, como é o caso de Greg Silva e Lú Rodrigues que participaram, em 1986, do Água. Trabalhavam com animação de festas e alguns projetos como Hoje tem espetáculo que trazia a peça Pimpão, Alegria e confusão (Waldemar Silas, 1989) apresentados em escolas, no Teatro Municipal de Porto Velho e no Sesc.
Em Ji-Paraná, conforme afirma Firminetto Mendes, em 04 de abril de 1981, surge o Arterial seu registro data de 26 de setembro de 1984, fundado por Firmineto Mendes e sua irmã Floraci Mendes Silva. Uma das primeira peças criadas pelo grupo explora o improviso: os personagens Ourino Fedegoso e Caboeta saíam pelos bares da cidade encenando através de um roteiro, sem texto escrito. Em 1984, montam o espetáculo O sentir de nossa gente de Francisco Carlos Silva que foi apresentado em diversos municípios do estado, no Acre, Bahia, Espírito Santo e Mato Grosso.
O grupo, em cerca de 20 anos de história, montou muitos espetáculos de autores locais tais como: Firmineto Mendes(Ji-Paraná) com O manchão e o travesti, Eu não estou louco e Saga da Amazônia; Sheila Ferreira(Ji-Paraná) com Por Favor nos aposentem e Vilão? Aqui não!; Luiz Antônio de Araújo (Porto Velho) com Lulu e Mon’ Amor, Joaquim Inocente e O Menino Jardineiro e a Rosa do ano inteiro; e ainda Quando eu Crescer de Francisco Carlos Silva(Ji-Paraná), Perdidos na Floresta de Antero de Sales(falecido), Eu, Você e eles de Suely Rodrigues (Porto Velho) e Casamento em Crise de Rogério Casovik Viana (Ji-Paraná). Através de todas essas montagens o Arterial recebeu dois prêmios pela Funarte e um pela Petrobrás.
Em 1986, foi criado por Gregório Silva e Lucimar Rodrigues, em Ji-Paraná, o Grupo de Teatro Amador Fama que atuou por pouco tempo, montando os espetáculos: Canteiros(1986) texto de Romildo Monteiro(DF), Proibido ver I, Proibido ver II(1989) (adaptação de textos) e Yapuna-Caá, estrela das águas(1989) (texto adaptado). Seus fundadores mudam-se para Porto Velho, em função da força do movimento teatral na Capital, e começam a participar do Grupo Água de Chocalho. Cite -se ainda o Grupo Shallon que atuou no município em 1987 montando textos de cunho religioso.
Em Vilhena, encontra-se em 1986, o Group Novamente, do ator Bráz Divino, escritor da primeira peça montada, Pé de Guerra, que dirigiu e atuou com Sandra Pedron. O grupo participou de congressos e festivais no Estado até 1993, ano que inicia um longo período de inatividade. Somente em 2004, Bráz produz o monólogo de Alexandro Bedotti A rede. O ator organiza periodicamente, durante o ano de 2006, o Retreta, em bares noturnos, uma espécie de Sarau em que qualquer pessoa pode participar com alguma atividade artística.
Na déc. de 80, muitos grupos surgiram e outros tantos desapareceram em poucos anos: em Cacoal, registra-se o Sol criado por Claudio Vrena e o Essência das coisas(1986), de onde surge Chicão Santos; no cone sul, havia o Senzala, em Colorado do Oeste; em Porto Velho, observa-se alguns grupos de teatro de bonecos como é o caso do grupo Porantim, Encenação, Teara, É do mela volta ou do mela continua? e o Cuniã. Além desses, havia atividade teatral em escolas e igrejas em diversas cidades, inicia-se nesses ambientes grande parte dos grupos do Estados.
2.3 Anos 90: O Teatro Estudantil
A década de 90 inicia-se com mudanças no cenário teatral, a maioria dos grupos criados anteriormente se dissolve, continuam existindo: o Arterial, o Êxodo, o Group Novamente. Paralelamente, surgem alguns grupos novos como o Raízes do Porto em 1992, fundado por Suely Rodrigues, que adquire grande espaço no estado e na região, pois participa de festivais no Acre e em Manaus. O primeiro texto montado pelo grupo é de Suely, Eu, vocês e eles. Desde sua criação, esteve ativo mantendo sempre um espetáculo diferente em cartaz, são cerca de 17 texto produzidos de 1992 a 2007. Grande parte são obras de artistas locais, porém também produziram clássicos infantis. Cite-se: Suely Rodrigues com Eu, Vocês e Eles, Minhoca na Cabeça, Histórias do Sítio, Mateus e Zulmira e Porções e Magias (adaptação das poesias de Nilza Menezes); Tira a canga do boi de Marcos Freitas; Confissões de um espermatozóide careca de Carlos Eduardo Novaes; A formiga Fofoqueira de Carlos Nobre; Flicts, a cor de Aderbal Júnior e Os saltimbancos de Chico Buarque de Holanda.
Porém, a década de 90 é marcada por outro tipo de manifestação teatral: o teatro estudantil. Registra-se, ao longo da década, diversos grupos e festivais que partem da iniciativa de alunos e professores de escolas particulares e municipais em todo o estado. Em Porto Velho, há a criação do Grupo de Teatro Oficina da Unir, dirigido por Angela Cavalcante, que neste período era integrante da DIAC/UNIR e ministrou três cursos para os alunos. O Oficina produziu, Revolução da América do Sul(1990) de August Boal, Os sonhos de Tom e Théo(1991) de Arnaldo Miranda e Hep e Heg - Os moleques(1992) de Arnaldo Miranda.
Fato importante também foi o surgimento do GRUTTA - Grupo Regional Unidos Trabalhando pelo Teatro Amador, em 1991, por iniciativa da Prof. Léia Leandro da Escola Risoleta Neves. Em 1994, o GRUTTA possuía, cerca de 48 integrantes, e mantinha apresentações no espaço do Teatro I do Sesc, além de uma oficina permanente semanal que desenvolvia atividades de reciclagem teatral. O espaço conquistado por esse grupo é relevante e a partir dessa iniciativa outras escolas também envolveram o teatro em suas atividades. Como ocorre na Escola Kepler, onde se desenvolve o Grupo Art Kepler, que destacava-se entre os grupos de escolas particulares. Ocorria, em Porto Velho, em 1993, diversos festivais de teatro estudantil, congressos e encontros de teatro amador. Além disso, o grupo organizou um Festival de Teatro entre as escolas particulares de Porto Velho. Assim como o movimento teatral estudantil estava forte em Porto Velho, no restante do estado não era diferente.
2.4 Anos 2000: Uma nova fase
Ao longo de sua história, o teatro produzido em Rondônia acumulou experiências e desenvolveu-se em diversos sentidos. Os profissionais que atuam após a década de 90, buscam uma atividade teatral mais concisa, e muitos tem o teatro como profissão ou ligam de alguma maneira sua atividade profissional ao teatro. A atuação de artistas como Alejandro Bedotti, Angela Cavalcante e Firminetto Mendes, durante mais de duas décadas, trouxeram para o teatro local grande desenvolvimento quanto à formação de atores, diretores e outros profissionais da área. O resultado dos cursos e oficinas ministrados por esses profissionais irão aparecer nesse momento. Os grupos que surgem, demonstram maior preocupação estética, mais responsabilidade com o público.
Assim, temos artistas antigos como Chicão Santos, formando grupos novos como a Associação Cultural O Imaginário, surgido em 2005, um grupo preocupado com a formação de seus atores e da platéia, que viaja o estado promovendo oficinas e divulgando seus espetáculos, além de participar de festivais em outros estados. Junto com o Raízes do Porto são atualmente os dois grupos mais conhecidos e ativos de Porto Velho.
Encontra-se também, em Cacoal, atividade teatral com o grupo Risoterapia, formado em 2003, pelo ator Edimar Oliveira que trabalha com texto de comédia, todos escrito pelos próprios atores. Desde sua criação, manteve-se ativo, montando espetáculos periodicamente, são mais de 13 peças, dentre elas, cite-se: Penosa do sul vai às urnas, Quem matou Tenório?, O pecado da Carne, Homem por um fio, O Madrasto, O escritor, Programa de Quinta, Pequenos cérebros, grandes bobagens e Dolores da Madrugada. Assim como o grupo Nada d+ da atriz Tainah Musa Lobato que é formada em Artes cênicas e além do trabalho com o grupo de teatro produz oficinas paralelas.
O Cone sul do Estado, ainda possui uma produção insipiente. Apesar de existirem grupos atuantes, em Vilhena, a produção é pequena e em sua maioria de cunho religioso. Um exemplo é o grupo The Crasy formado em meados de 2000 por jovens da Igreja católica. Assim como o Manah, grupo desenvolvido por pessoas da Igreja Comunidade Cristã que além da atividade teatral engloba a música gospel. Também de cunho religioso é o grupo Tempus, criado por atores oriundo do Manah. O Canaã, de criação de Josemar Fernandes, surgiu de atividades estudantis, dentro da Escola Zilda da Frota Uchôa.
Além desses, em Vilhena atua, desde 2004, o grupo de teatro Wankabuki surgido da iniciativa do professor Oswaldo Gomes Oliveira e das acadêmicas da Universidade Federal de Rondônia Valdete Sousa, Diomar Soares e Núbia Rodrigues, em 16 de agosto de 2003. O grupo montou Morte e Vida Severina uma adaptação do texto de João Cabral de Melo Neto por Luiz Antônio de Araújo, A Lenda da Ecologia, texto do Prof. Oswaldo Gomes, e o texto Tragédia no Lar adaptação das poesias de Castro Alves por Valdete Sousa.
3. CONCLUSÃO
Conclui-se então que o início das artes cênicas no Estado ocorre sem planejamento ou teoria a seguir. Mesmo assim, houve um aprimoramento e surgiram técnicas, textos e grupos ao longo da história. Do teatro dos grupos do Madeira-Mamoré e de Dona Labibe, poucos dados restaram.
As apresentações para o público dos cinemas portovelhenses da década de 50, ocorridas nos intervalos das trocas de fitas, serve como marca de um período e do comportamento de um povo. Assim como, é prova da evolução do teatro local que, nesse momento, migra das casas e clubes para o palco dentro dos cinemas. O público, também é outro. Quem vai ao cinema tem o intuito da diversão, o teatro passa a ser mostrado para um público seleto e elitizado.
O período promissor do teatro de Rondônia firma-se nas formações de grupos, prevalece a “idéia coletiva”. Assim, as décadas de 70, 80 e 90 serão repletas de formações e desaparecimentos de grupos. Esse movimento, serviu para que os profissionais se aprimorassem, são geradas oficinas, cursos, discussões, festivais, seminários e todo tipo de atividades que sem a coletividade ficaria mais difícil ocorrer. Nos últimos anos, observa-se uma mudança de comportamentos. Ainda há, certamente, muitos grupos desenvolvendo-se, principalmente no interior do estado, mas vigora os princípios de individualidade. Os profissionais das artes cênicas estão aprendendo a trabalhar como nos grandes centros culturais: um produtor que contrata diretor, atores, iluminador, e todos os profissionais necessários.
Fato é que as produções rondonienses existem e possuem valor reconhecido, tanto dentro do estado quanto fora dele. É o que se vê nas participações feitas por grupos locais em festivais no Acre, Manaus, Recife, entre outras localidades. Dessa maneira, resta concluir-se que esta pesquisa comprova a existência das artes cênicas de Rondônia a qual segue uma linha evolutiva paralela aos acontecimentos no Brasil, com suas particularidades e necessidades.
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[1] Graduada em Letras pela Universidade Federal de Rondônia. E-mail: valdetesous@hotmail.com
FONTE: teatroempvh.blogspot.com